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terça-feira, 27 de junho de 2017

António Zambujo - Poema Dos Olhos da Amada




Oh, minha amada,
Que olhos os teus:
São cais noturnos
Cheios de adeus,
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe,
Longe nos breus.

Oh, minha amada,
Que olhos os teus!
Quanto mistério
Nos olhos teus;
Quantos saveiros,
Quantos navios,
Quantos naufrágios
Nos olhos teus.

Oh, minha amada,
Que olhos os teus!
Se Deus houvera,
Fizera-os Deus;
Pois, não os fizera 
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus:
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.
Vinicius de Moraes / Paulinho Soledade e Vinicius de Moraes
Oh, my beloved,
What eyes your own:
They are nocturnal piers
Full of goodbye,
They are gentle docks
Tracking lights
That shine away,
Away in the breus.

Oh, my beloved,
What eyes yours!
How much mystery
In your eyes;
How many sloops,
How many ships,
How many shipwrecks
In your eyes.

Oh, my beloved,
What eyes yours!
If God had been,
God had made them;
For he had not
Who did not know
That there are many ages
In your eyes.

Oh my love.
With Atheist Eyes:
Creates hope
In my eyes
To see someday
The beggar look
Of poetry
In your eyes.

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