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terça-feira, 23 de maio de 2017

António Zambujo - Noite Apressada


Era uma noite apressada 
depois de um dia tão lento. 
Era uma rosa encarnada 
aberta nesse momento. 
Era uma boca fechada 
sob a mordaça de um lenço. 
Era afinal quase nada 
e tudo parecia imenso! 
Imensa a casa perdida
no meio do vendaval, 
imensa a linha da vida 
no seu desenho mortal, 
imensa na despedida 
a certeza do final. 

Era uma haste inclinada 
sob o capricho do vento. 
Era minh´ alma, dobrada, 
dentro do teu pensamento. 
Era uma igreja assaltada 
mas que cheirava a incenso, 
Era afinal quase nada, 
e tudo parecia imenso. 
Imensa, a luz proibida 
no centro da catedral, 
imensa, a voz diluída 
além do bem e do mal; 
imensa por toda a vida, 
uma descrença total.

It was a rushed night.
After such a slow day.
It was a red rose
Open at that time.
It was a closed mouth
Under the gag of a handkerchief.
It was, after all, almost nothing
And everything seemed huge!
Huge the lost house
In the middle of the gale,
The immense line of life
In his mortal drawing,
Huge on farewell
The certainty of the end.

It was a sloping rod
Under the whim of the wind.
It was my soul, folded,
Within your thought.
It was a robbed church.
But which smelled of incense,
It was, after all, almost nothing,
And everything seemed immense.
Immense, the light forbidden
In the center of the cathedral,
Immense, the voice diluted
Beyond good and evil;
Immense throughout life,
Total disbelief.

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