Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa / Patxi Andion
Haze, the loose large blue,
There is a cloud going wrong.
My past does not come back.
It's not what I'm crying.
What I cry is different.
It enters more into the soul of the soul.
But how, in heaven without people,
The cloud floats calmly.
And this reminds me of a sadness
And the memory is that sad,
I miss the wealth
Of emotion the hour weaves.
But in truth, the one who cries
In my bitter anxiety
Higher than the cloud dwells,
It is beyond longing.
I do not know what's wrong
To the soul that knows it well.
Seen from the pain with which I lie
Pain that my soul has.
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