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domingo, 30 de abril de 2017

Alfredo Marceneiro - Três Tabuletas

















De ferro três tabuletas
Todas três números seguidos
Dizem: eternas moradas
Desses três na morte unidos

Vindos do espaço sibério 
Os ventos fortes, agrestes
Açoitavam os ciprestes 
Do pequena cemitério
Envolta em denso mistério 
Mais triste que as violetas
Uma pobre em vestes pretas 
Parou junto dos covais
Que só tinham por sinais 
De ferro, três tabuletas

Interrogou o coveiro 
Se em certo dia atrasado
Ali tinha sepultado
Um famoso cavaleiro
Respondeu-lhe o triste obreiro 
Com modos desiludidos
Foram três desconhecidos 
Que eu nesse dia enterrei
E as jazigas numerei 
Todas três números seguidos

E a pobre, louca de dor 
Chorando silenciosa
É qual mater dolorosa 
Junto à cruz do redentor
Com carinho e com amor 
Olha as campas desprezadas
E às placas levantadas 
Interroga-as mudamente
Mas três chapas, somente 
Dizem: eternas moradas

Sem saber qual sepultura 
Pertence ao seu filho amado
Olhar triste e magoado 
Beija a terra negra e dura
Inundada de ternura 
Em torturantes gemidos
Com gestos por Deus ungidos 
Repartiu as flores suas
P’las campas rasas e nuas 
Desses três na morte unidos
Henrique Rêgo / Popular (Fado das Horas)
Iron three tablets
All three numbers in a row
They say: eternal dwellings
Of these three in death united

Coming from siberian space
The strong, wild winds
The cypress trees
From the small cemetery
Wrapped in dense mystery
Sadder than violets
One poor in black robes
He stopped at the covais
That they only had for signs
Of iron, three tablets

Interrogated the gravedigger
If on a late day
Ali had buried there
A famous knight
The sad laborer answered him
With disillusioned modes
There were three unknowns
That I buried that day
And the numbered jars
All three numbers in a row

And the poor, crazy in pain
Silent crying
It's a painful mater
Next to the Cross of the Redeemer
With affection and with love
Look at the despised fields
And to the raised plates
Ask them quietly
But three plates, only
They say: eternal dwellings

Without knowing which grave
Belongs to your beloved son
Sad and hurt look
Kiss the black and hard earth
Flooded with tenderness
In tormenting moans
With gestures by God anointed
He shared the flowers with her.
For the shallow and naked
Of these three in death united

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