domingo, 30 de abril de 2017

Amália Rodrigues - Barco Negro




De manhã que medo
Que me achasses feia!
Acordei, tremendo,
Deitada na areia...

Mas logo os teus olhos
Disseram que não
E o sol penetrou
No meu coração.

Vi depois numa rocha uma cruz
E o teu barco negro
Dançava na luz...
Vi teu braço acenando,

Entre as velas já soltas...
Dizem as velhas da praia:
- Que não voltas.
São loucas! São loucas!

Eu sei meu amor
Que nem chegaste a partir.
Pois tudo, em meu redor,
Me diz que estás sempre comigo.

No vento que lança
Areia nos vidros,
Na água que canta,
No fogo mortiço.

No calor do leito
Nos bancos vazios
Dentro do meu peito
Estás sempre comigo.

Eu sei meu amor
Que nem chegaste a partir.
Pois tudo, em meu redor,
Me diz que estás sempre comigo.
David Mourão Ferreira / Caco Velho e Piratini
In the morning that fear
That you think me ugly!
I woke up, shaking,
Lying in the sand ...

But soon your eyes
They said no
And the sun has penetrated
In my heart.

Then I saw on a rock a cross
And your black boat.
I danced in the light ...
I saw your arm waving,

Between the already loose candles ...
The old women say:
- You're not coming back.
They're crazy! They're crazy!

I know my love
You did not even leave.
For everything, around me,
Tell me you're always with me.

In the wind that throws
Sand in glasses,
In the water that sings,
In the dead fire.

In the heat of the bed
In empty benches
Inside my chest
You're always with me.

I know my love
You did not even leave.
For everything, around me,
Tell me you're always with me.

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