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sábado, 29 de abril de 2017

Alfredo Marceneiro - Domingo de Agosto



Nesse domingo de Agosto
Foi linda a espera de gado
Desde manhã ao sol posto
Houve alma, toiros e fado

Não havia traquitana  
Que não estivesse enfeitada
E via-se engalanada 
Toa a praça de Sant’Ana;
Gente alegre, gentelhana 
Trajando com raro gosto
Cumpria bem o seu posto 
De toureiros e fadistas
Que lindo rancho de artistas 
Nesse domingo de Agosto

Descantes e guitarradas 
Se ouviram de manhãzinha
Gente a ver se o gado vinha 
Os campinos e as montadas;
Fizeram-se desgarradas 
Com encanto e com agrado
Era já manhã, sol nado 
Quando o gado entrou na praça
Que encantamento, que graça 
Foi linda a espera de gado

Toirada, vida, emoção 
Encantamento e prazer
Muitas palmas, sensação 
Lide, nobreza a valer;
Era tanta a sedução 
Do povo bem predisposto
Que se via em cada rosto 
A alegria manifesta
Foi um domingo de festa 
Desde manhã ao sol posto

Á tarde encheram-se as hortas 
Das mesmas gentes bizarras
E só se ouviam guitarras 
Nas tascas fora de portas;
Só alta noite, horas mortas 
Após o terço vibrado
Saíu o povo encantado 
Ébrio de imensa alegria
Só porque naquele dia 
Houve alma, toiros e fado
Carlos Conde / Popular (Fado Corrido)

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